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Estava pensando em como seria se eu tivesse no De Repente 30, mas na minha cabeça seria diferente. Em vez de acordar em mim, eu me encontraria pra dar um recado.
Aí pensei, mas que saco me encontrar com 13 anos, não ia ter nada pra me falar, e estabeleci que 23 seria uma idade na qual eu poderia concertar muita coisa se recebesse meus conselhos do futuro.
Fiz até uma lista, ia me mandar começar a tomar vitamina e anti depressivo lá de trás e parar de beber dois anos antes. Com isso eu ia poder concertar muita coisa sem precisar contar sobre o futuro e me apagar das fotos.

Mas aí eu pensei que muito próximo assim não vale também, era melhor eu achar um jeito de me conectar com meus 13 anos, já que essa é a graça do filme.
Ia contar que minhas amigas de então não prestavam, e as que eu ia conhecer no ano seguinte também não, mas que eram muito melhores que as vigentes e que eu ia me divertir muito com elas ainda antes de azedar. E que uma das minhas melhores amigas até hoje ia ser justamente a que eu não ia gostar de cara.
Paciência.
Diria que todo aquele esforço de esperar tocar música velha no rádio ia compensar, porque no futuro ia dar pra ouvir o que eu quisesse a hora que quisesse e de graça. 
Pra eu continuar ouvindo Duran Duran, Roxette, Erasure e U2 em pleno 1997 linda e virginal como eu fazia porque no fim do colegial ia acontecer uma banda chamada Strokes, e partir dela eu ia ouvir músicas feitas simultaneamente à minha existência.

E que eu iria passar meus 20 anos indo em show e fazendo sexo sem dar a mínima pra nada.
Então que era pra eu passar a adolescência me divertindo sem dar a mínima pra crescer, exatamente do jeito que eu fiz.
E que agora eu ia passar meus 30 dando o máximo para algumas poucas coisas que eu aprendi que valiam a pena.

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