The B-52´s in Brasil


O show do B-52´s me comoveu, de verdade.
E eu tenho quase certeza de que a razão pela qual eu tava chorando no meio era pq o Ricky Wilson morreu em 1985.

Eu não me abro quanto a isso com freqüência (mas sempre com trema), mas o Ricky Wilson é meu guitarrista favorito.
Talvez não dê pra perceber, já que o B-52´s não é uma guitar band, tem três vocalistas muito loucos, um keith que não envelhece, músicas sobre o espaço sideral e poodles, mas ele aprendeu a tocar guitarra sozinho e fazia uns arranjos próprios, tanto que nem tinha baixo na formação original.

Aí ele morreu de AIDS em 1985, e até lá, manteve a doença escondida.
O show no rock in rio de 85 foi um dos últimos dele na banda.

E aí, no meio disso tudo, o B-52´s, que era uma puta banda, tem 33 anos de carreira, continua uma puta banda, com um som e uma piração que ninguém nunca fez nem vai fazer igual.
Músicos interaços.
O que me fez pensar no porque de um certo lá pra cá o respeito aos músicos se inverteu de tal forma que o cara que tem 60 anos de idade e ainda faz show é ridículo e o que lançou uma música pelo myspace é que sabe do negócio.
Porque nesses shows de bandas antigas no Brasil, chove crítica dizendo que fulano tá velho e gordo, sendo que ele é músico, não modelo.
E o pessoal que chega 8 horas antes do show pra ficar na grade (and I´m always there) sempre tá ou puto ou pouco se fodendo com esse tipo de coisa.
Geralmente são tb aqueles xiitas que ignoram cegamente que a "sabedoria dos mais velhos" foi investida em uma turnê caça níquel, e não necessariamente em música.

Eu tô sendo advogado do diabo pq sou democrática: eu pago pau pra todo mundo igual, as bandas é que são diferentes.

E cada fila é uma fila.
Eu vi coisas nesse show que conseguiram ser inéditas, como uma que eu estava a um passo de fazer no show do Duran Duran: um cara actually ficou na fila conversando e fazendo amigos e foi embora, ele não ia ao show.

Outra foi ter discotecagem em vez de banda de abertura (ou em vez de nada, se vc preferir o copo metade vazio), a Trash 80´s.
Era assim, na fila todo mundo xingando horrores o conceito de discotecagem, aí qdo abriu, e o DJ sabiamente já tinha soltado o som e esse som era The sun always shines on TV do A-ha, e todo mundo achou que estava sonhando... a coisa mudou de cara.
Ah, as luzes estavam apagadas, só tinha os spots coloridos, o que até ajudou nesse climão, mas me deu um pouco de medo... porque as pessoas estavam correndo! Afinal é um show, nao A trash 80´s em si.

A arte da fila: não importa qto tempo vc passe no sol ou na chuvas fazendo amigos, na hora em que abre a porteira...

Quanto a baladinha, tudo bem que ninguém quer comprometer o lugar conquistado e efetivamente dançar, mas tavam até aplaudindo uma ou outra lá.
Eu gostei :)

Até um cara que gostava de Oingo Boingo eu achei, e de repente eu tava com uma mini crowd me ouvindo sobre o porquê da banda nunca mais vir pro Brasil.
É engraçado como ninguém leva mais a sério o término de uma banda dos anos 80, afinal todas ficam voltando rsrs.

Agora o show em si, tirando filas, DJs e a morte do Ricky Wilson, foi muito bom.
Na verdade eu comecei a chorar, por incrível que pareça, numa música que eu nem conhecia, Juliet of the Spirits, que é do cd novo.
Já é interessante uma música ter o nome de um filme do Fellini, mas tinha que ser tão boa!?

Eles intercalaram quase matematicamente uma música nova com uma velha, então começou com uma que eu não conhecia e depois já Mesopotamia, num puta pancadão. Genial!

Acabei não entendendo a razão de Give me Back my man, já que só a Cindy canta e os resto não tava gostando muito, parecia que tinham perdido uma aposta.
Alías, a harpa-whatever do Fred e o teclado da Kate entravam SÓ pra essa música (???)
Enfim.

Strobe Light e Quiche Lorraine, que eu não ouço muito ficaram ótimas.
"Quiche... Quiche... Quiche the Poodle"
Das minhas favoritas, minha voz quase foi embora em Channel Z.
Esse é o legal, de 3 vocalistas, nem todos cantam todas as músicas nem todas as partes das músicas, e em Channel Z fica uma intercalação de doido rsrs. É tipo o Bohemian Rapsody do B-52´s.
Aí tiveram os Hits: Private Idaho, Roam e Love Shack, mto bons tb.
E Rock Lobster, que é acima de um hit é o momento em que o Ricky Wilson vem ao palco. Conseguindo olhar além das frases engraçadas do Fred e das meninas latindo, o Keith tá lá pirando na guitarra.
Foi essa música, anos atrás, que me fez "peraí, esse cara sabe o que tá fazendo", depois de mais anos ainda ouvindo Rock Lobster.

Deve ser por isso que o Keith não envelhece, fica "recebendo" o Ricky.

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