fato

Fatíssimo.
Faz um tempo que eu queria escrever sobre isso.
Faz anos.

Mas pegando como exemplo uma aula dessa semana, na qual o inconsciente coletivo resolveu se manifestar lindamente contra ter aula na forma de despejar todas as inseguranças na professora, o que acontece é: quando eu estou numa sala cheia de gente e algumas estão falando, SEMPRE, mas assim, sempre, desde que eu sou criança, vem alguém falar que eu não falei nada.
90% das pessoas estão quietas, mas sempre reparam que eu não falei nada, e sempre dizem que eu sou quieta.
Quando eu era criança, eu era sempre a tímida e a quieta da classe, mas eu não entendia porque, se tinha mta gente que se comportava que nem eu.
O tempo passou e nada mudou. E eu continuo sem entender.
A menina não chegou pra mim semana passada e falou que eu tinha que falar mais pra que as pessoas que falam merda falem menos? E ela nem me conhece.
Eu tenho cara de que alguém de quem vc pode esperar algo mais?
Nessa aula, uma mulher que tb não falou nada e inclusive nunca falou comigo, veio atrás de mim no intervalo pra reclamar que eu não falei nada.
É algo a se repensar.

Tô parecendo o Jack do Lost, né?
Afff...

Vou falar o que?
"acho que vcs são todos ridículos e nada disso me afeta. quem fala em público desse jeito quer mais aparecer dando voz à insegurança do que realmente expressar alguma coisa importante."
Eu sou alienada e obediente, não sei atuar em nível macro.
E acho que falar em público é superestimado.
 Na maioria das vezes eu sinto que não é pra tanto, e no resto das vezes eu me contento em saber que alguém está reclamando por mim. Depois eu resolvo o que tiver que resolver sozinha.

Mas apesar de ser bem passiva eu saí da fábrica com muita coragem pra defender momentos como "e daí que um avião bateu nas torres gêmeas? eu quero ter a última aula! vcs só querem ir pra casa mais cedo".
Nem comento o que eu fiz no tcc...


Obviamente, eu falo quando alguma coisa faz meu sangue ferver.
Como no primeiro dia de aula em que o povo tava muito cheio de querer se conhecer e impressionar e todo mundo começou a falar que restart é ruim e virou um consenso de que o povo ouve música ruim porque é burro e quem ouve música ruim joga lixo na rua.
Aí eu falei que eu não gosto de restart mas gostava de spice girls e o escambal qdo tinha 15 anos e que jamais como uma aspirante a programadora musical eu julgaria a diversão de outra pessoa ainda mais chamando ela de burra, primeiro pq ou ela não ia dar bola ou ia ficar ofendida. E que é mto perigoso achar que pobre joga lixo na rua e ouve música ruim, e expliquei longamente porque o cinema brasileiro não dá certo como exemplo.

E desde então as pessoas vem esperando mais de mim.
E desde então nada mais me importou a ponto de levantar a mão.
Mas desde então sempre que há um grande consenso e alguém vem me perguntar o que eu achei e eu sempre discordo, as pessoas revelam que "é, na verdade eu tb não achei..."
O que há de errado com as pessoas?
E o que há de errado comigo?

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