juliet out of spirits

Dia difícil.

Também não é pra menos, a última vez em que eu ouvi uma música mais de 30 vezes em seguida enquanto engajada numa conversa, sofri as mesmas consequências fisiológicas da comunicação forçada, da conversa arrancada.
Era Olympic Airways, do Foals, e agora, Juliet of the Spirits, do B-52´s.

E eu não sou de escutar música nem duas vezes seguidas.

Isso vai com certeza cair como ironia, mas eu detesto falar sobre mim mesma.
Em algum sentido específico, não genérico.
E isso vem de eu cada vez mais não ver o menor sentido em sair por aí falando sobre coisas que eu sinto que tem que ficar dentro de mim circulando ainda por um tempo.
Por que (e tem um porque) eu vou falar uma coisa, que eu sei que no dia seguinte vai ser diferente?
É pedir pra cair na rotina do "vc é instável".

Um belo dia eu acordei e vi que era muito melhor eu desenvolver a percepção 8 ou 80 que eu tenho do mundo, do que tentar me livrar dela.
Sinceramente, não ia sobrar nada, é tudo que eu sei e o que eu tenho de mais meu. A maior chance de sucesso estaria numa lobotomia.

Num outro desses perigosos belos dias, um mais recente, eu acordei, dei risada, pensei
"eu quero mais é que tudo mude", e voltei a dormir.

Ninguém nunca me falou pra fazer essas coisas, pra prestar atenção desse jeito. Se alguma coisa foi dita, foi sempre a enxurrada de conselhos na direção oposta.
Mas eu que sou muito minha consegui desenvolver a coisa a tal ponto de que, sendo tudo altos e baixos (como diz o livro sobre o dia em que eu nasci), minha vida não está boa ou ruim baseada no que acontece, mas sim na minha capacidade de lidar com as coisas.

Desculpa (pra uma pessoa só) se eu priorizo isso demais e acabo ficando sozinha, desculpa de coração.
Provavelmente tenho mesmo a alma adolescente residindo num espírito de república estudantil.
Faz um sentido tremendo, não faz?

E por fim, e a parte mais interessante. Eu posso ter desenvolvido meus processos sozinha, mas o conteúdo eu tirei de um lugar que eu admiro muito.
Tirei por muito tempo, até que chegou a hora de eu desenvolver o processo que eu venho exercendo quase como um ritual: "guardar tudo de bom que veio do que eu quero deixar."

O que eu faço seria imperceptível se eu não falasse nada.
Mas é que ando orgulhosa do quanto a coisa se voltou contra ela mesma, ao ponto de eu não ter que fazer mais nada a não ser assistir.

É a carta do enforcado cruzando o emperador.

***

Dia difícil, me doeu fisicamente falar de mim do jeito que eu falei ontem.
Esse é mais fácil.

eu em 2013
não sei do que na terra eu estou falando, mas algumas coisas fazem um sentido absurdo 4 anos depois.
eu quero mesmo é que tudo mude.
eu de fato priorizo isso demais e fico sozinha.


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