Rush em um post

Escrevo esse post em depressão pós show.
Eu, depois do show do Rush, baixei e assisti o filme "I love you, man" porque os personagens aparecem no vídeo final do show. Baixei o documentário "Beyond the lighted stage", que eu tive que pausar pra escrever aqui, num momento "para tudo".
E também passei o dia seguinte assistindo os dvds de show do Rush que eu tenho "Exit Stage Left", "Show of Hands" e "Rush in Rio".

E estou doente que nem um cão de ter passado muito calor e muito frio na sexta feira.

O show foi inacreditável, e valeu cada parte de uma sexta feira normal que eu poderia ter pra chegar no estádio as 14h30 e conhecer dois caras mto legais já de cara na fila.
Porque, como eu sempre digo, seus melhores amigos são as pessoas que chegam cedo nas filas.

Sério, que banda chega pro público e diz "nós vamos tocar o disco de 1980 na íntegra"?
Só uma banda tão virtuosa e ao mesmo tempo tão pouco afetada que nem o Rush.

Falem o que for, mas aqui estão eles com 60 anos, Morumbi e Maracanã.

O que eles quiserem fazer com o show, primeiro, vai ser bom, segundo, os fãs vão querer ver, e terceiro, eles realmente vão querer fazer.

E eles tocam como se a música deles fosse a coisa mais legal do mundo, e não eles.
É uma banda, e principalmente um show, sem culpa e sem medo.
Poderia ser o disco de 83 na íntegra (por mim seria), ou o de 2002 de novo, ou nenhum, mas estão todos lá pra ver 3 gênios que sempre foram rotulados (assim como os fãs) de nerds da música.
E eu nunca consegui entender como isso poderia ser ruim.

Por isso, que eu mexi os pauzinhos, fiquei na grade e virei homem por uma noite.
Tipo, eu urrava.
Sabia cantar as letras, a guitarra, o baixo, o teclado e a bateria separadamente.
E isso é uma coisa que eu sempre gostei nas bandas, quando os instrumentos tocam coisas diferentes.

E quando eu não tinha o que fazer (quando era uma música chata), ficava só olhando o Neil Peart.
Ali, na minha frente, o homem-concentração.

Vou guardar eternamente no coração ter ouvido Red Barchetta ao vivo.
Eu tinha ido pra ouvir Subdivisions e pra continuar achando Tom Sawyer chata, mas de alguma forma elas trocaram de lugar.
Marathon foi mais do que promete ser porque ao vivo vira uma micareta.
Ainda dancei horrores em Vital Signs, outra que eu aguardei muito.

Percebi que o povo não dançava tanto quanto eu.

Agora que eu tô assistindo o Beyond the Lighted stage tô sacando algumas coisas.


O Rush tem uma liberdade artística que é difícil explicar, porque veio da consagração do público que aprecia esse tipo de música e não porque foi vendida por quem vende esse tipo de música.
Eles passam uma confiança há dácadas de que se eles estão ali é porque pensaram muito naquelas músicas e querem tocá-las pra você.
É uma orquestra de 3 homens e 3 homens apenas.



E nesse "feel good" documentário, tem vários músicos que você de casa gosta pagando pau pro Rush, mas você sempre teve medo de perguntar.

Tem caras do metal, Gene Simmons, cujo Kiss teve muitos shows abertos pelo Rush, cara do Rage Against (que Itu os tenha), Jack Black sendo o Jack Black, e o Billy Corgan.

Gente, o Billy Corgan, fazendo te-ra-pia. Vou levar uma camiseta do Rush pra ele no Playcenter.
Primeiro ele fala que em algum ponto da vida dele ele soube tocar 2112 inteiro, e depois foi pensar qto tempo ele deve ter dedicado pra aprender aquilo. Quantas tardes depois da escola.

E eu me emocionei de lembrar que em um ponto da minha vida eu já soube cantar 2112 inteiro, e vira e mexe eu me pego pensando em quantas vezes eu chegava da escola e passava a tarde ouvindo disco e decorando música. E Rush deu trabalho.*

Porra, só de ver que depois do terceiro álbum, Caress of Steel, que eu acho um saco e nem ouço os dois primeiros, eles iam falir se não seguissem o que a gravadora dizia e preferiram go down com dignidade,
gravar o 2112 e voltar pra loja dos pais, eu lembrei da história do 2112 e pensei: "meeeeu deus como faz sentido".

É a história, nas palavras do Neil Peart, de "um indivíduo contra o sistema". Só que contada numa ficção futurística na qual o sistema "red solar federation" tinha controle sobre tudo, e a Música tinha sido banida da humanidade a ponto de ninguém nem saber que havia existido.
Aí o indivíduo em questão acha uma guitarra e é perseguido.
E é triste que dói, e eu lembro de ter chorado a primeira vez que eu ouvi lendo a letra.
"just think about what life might be..."

E aí eles bom-ba-ram de volta.

E eu tive que parar pra escrever porque o Matt Stone veio a frente falar como ele gosta de Rush.

Gente.
o Matt Stone.
De quem que o Matt Stone gosta?
Eu tô assistindo todos os South Parks e te adianto: de ninguém.

Ninguém? Ele gosta do Rush! haha

Depos o Billy Corgan volta contando que ele era muito fechado e era difícil conseguir atenção dos pais dele, então certa vez ele colocou a mãe dele sentada e tocou Entre Nous pra ela, porque sentia que a música tinha sido escrita pra ele.
Acho que o terapeuta dele deve royalties pro Rush.

*(eu ainda faço isso, mas agora dá pra levar as letras comigo no ipod)

Terminei.
É comovente que nem o documentário da NASA (astronautas me fazem chorar).
Vapor Trails, o álbum de 2002 cuja turnê passou por aqui pela primeira vez, era muito bom e tinha alguma coisa nele muito coesa enquanto álbum, e eu já achava isso na época.
Depois que eu fiquei sabendo que foi o primeiro álbum do Rush em 5 anos depois que a filha e a mulher do Neil Peart morreram e agora fiquei sabendo que a banda foi dada por acabada nesse tempo, fez muito mais sentido.

Um cara fala no final que a virtude deles é recompensada, mas é muito mais do que isso.
É eles se aguentarem por 30 anos tão profissionalmente, afinal, todas as grande bandas acabam né?

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