comigo não morreu

Vamos do começo.
Eu acordei sentindo que o dia ia ser estranho.
Tava tocando Oh Darling no rádio.

Estranho?
Eu tive uma conversa com o Wagner, assim voltando do almoço e indo no banco, que as pessoas demoram anos na terapia pra ter. E nem era sobre mim.
Era sobre vacas.

Depois de passar o dia ouvindo Duran Duran desejando que a semana passe rápido, chega o e-mail... avisando que é nossa última semana no Itaim.
Deu o gato com o pão com manteiga amarrado nas costas.

No fim da tarde eu ouvi a música Dias melhores virão, da Rita Lee, e chorei.
Nossa, tem tudo a ver com tudo, inteira.

Esses são os fatos.
Apesar de tudo estar acabando, eu me sinto bem no meio das coisas.
Mesmo indo embora do bairro no qual eu passei a vida inteira, no qual eu já não moro mais, e no qual eu trabalhei nos lugares em que eu mais fiz amigos na vida.
Mesmo com esses mesmos lugares sendo demolidos atrás de mim, e eu descobrindo lugares novos.
Mesmo com a emoção que eu vou sentir no show do Duran Duran depois que ele acabar sabendo que a próxima vez que eu voltar vai ser para um lugar novo.
Mesmo que eu não tenha ficado assim nem quando eu saí de casa.
Mesmo assim, hoje eu parei e pensei, o quanto no meio de tudo eu estou, o quanto tem de errado comigo que dá pra consertar tranquilamente, o quanto eu consertei só esse ano, esse mês, esse fim de semana, hoje.

Hoje foi estranho, realmente. Eu perdi o medo de uma coisa inexplicável porém onipresente em todos.
E ainda estou falando das vacas.
Queria ficar escrevendo sobre isso a madrugada inteira, mas eu tenho que ir dormir...

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